segunda-feira, 29 de agosto de 2011

"Da nossa vida em meio da jornada..." pequeno comentário.*



Pode-se destacar quatro monumentos definitivos herdados da Idade Média. Suma Teológica, de Tomás de Aquino, a Arquitetura gótica, a pintura de Giotto (autor do quadro acima), e por fim, a Divina Comédia. Dante Alighieri, Durante Aldighiero. um nome intrínseco a história da literatura humana. nascido em Florença, em 1265, maio, dia não especificado. Político, Pensador, Guerreiro, Mercenário, Revolucionário, Poeta. ao se enveredar na politica, inicialmente manteve-se neutro diante das lutas entre Brancos, os guelfos, defensores do papa, e, os Negros, gibelinos, defensores dos imperadores da idade média, contra os papas. tal envolvimento levou Dante a ser condenado a fogueira, queimado vivo em praça publica. então, viveu no exílio e nunca mais voltou a Florença. interessantíssima informação é a de que Dante, era da opinião politica que se resume-se no estabelecimento de um império regido por um Líder que abdicaria sua nacionalidade em prol da dominação de vasta porção de território. haveria também a instituição de um papado que ficaria responsável por toda a cristandade. o aspecto interessante é que Dante exigia na sua estrutura politica a liberdade individual. ou seja, Dante foi precursor da democracia, dado que a liberdade individual rege a democracia, principalmente nos dias de hoje.
Saindo um pouco da esfera politica e voltando ao óbvio, ao literato Dante, é até clichê dizer que construiu um monumental patrimônio da humanidade, uma obra que ricocheteia fortemente até hoje na literatura universal. mas, existem enormes equívocos acerca da obra de Dante. o mais triste deles é a ideia da impossibilidade de leitura da Divina Comédia. tal erro germinou e cresceu desde a publicação da obra até os dias de hoje. um texto de tal calibre, um dos livros mais lidos de todos os tempos, possui dezenas de milhares de comentários, críticas, artigos e textos de todas as épocas. muitos deles, feitos por "intelectuais" e "eruditos", que muitas vezes como forma de exibicionismo intelectual e mesquinhez mental escreveram textos que geraram a imagem sobre a Comédia de uma obra inacessível  e impossível. como por exemplo no canto I do Inferno, a imagem das três feras levaram muitos a interpretação de que são a alegoria dos pecados cometidos por Dante em vida, como luxúria e etc... mas, não se pode simplesmente ler tal passagem como imagens puramente poéticas? ou então, em outra passagem, em que Dante adormece e cai numa das margens do Aqueronte, o rio mitológico do inferno, e depois acorda do outro lado. toneladas de páginas foram escritas sobre tal grande mistério... grandes volumes dissertaram sobre esse trecho, para, no fim, concluir que a passagem é... um grande mistério. ou seja, infelizmente, muitos comentaristas infelizes atrapalharam o acesso a Comédia, criando interpretações descabidas e sem sentido.
O que muitos provavelmente se esquecem, é de que, o stil nuovo, o "movimento" engendrado por Dante, pregava justamente a simplicidade, a espontaneidade, pura, que buscava a liberdade do espírito. a revolução criativa dantesca é tão gigantesca, que, para se fazer ideia, a palavra "estética" nem ainda existia, e só foi existir 4 séculos após a morte de Dante.Ler o inferno de Dante é uma experiência forte e incrível, e, à descrição de tal cenário atribui-se a Dante o uso de alucinógenos da época, sendo essa talvez a explicação da criação de passagens tão fortes, algumas horríveis e outras magníficas. destaco o canto XXXIII do inferno, a cena em que é descrita a tragédia do conde Ugolino, que é obrigado a roer o crânio de arcebispo Ruggieri. e, em seguida Ugolino narra o episódio em que foi trancafiado em uma torre juntamente com seus filhos, e, desprovidos de alimentos, o conde se viu obrigado a comer os próprios filhos. talvez uma das cenas mais chocantes da literatura mundial.


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